Para quem me conhece sabe que sou aquilo a que se chama um bom garfo. Há poucas coisas que não como. Ou que não experimento. Aliás tipicamente quando vou a um restaurante – principalmente se é para fazer uma crítica gastronómica – olho para a ementa e escolho o que é mais inusitado. O que for mais estranho. E normalmente até me dou bem – um dia tenho de vos contar a história de um belo parfait de jasmim.
Mas voltemos à “história” de hoje. Em 2019 tive a felicidade de, a trabalho, é certo, visitar alguns dos destinos que constavam da minha lista de locais a visitar – acho que todos nós temos uma lista dessas. Um deles, em representação do jornal Opção Turismo, foi Cuba. Fui fazer a cobertura da Feira de Turismo.
E por é que isto veio à baila? Porque tenho uma – a única – alergia alimentar. Desde muito pequena que sou alérgica a orégãos. Sim, eu sei. É uma alergia estranha. Mas ela existe e eu padeço dela. Não é mortal como acontece com as alergias dos frutos secos e marisco, mas é bastante dolorosa.
Pois estava eu em Havana e no programa teríamos (eu e os meus colegas jornalistas) de fazer cinco refeições num determinado restaurante – o nosso hotel não assegurava as refeições. Ao sentar-me preparei o meu discurso de sempre: “desculpe, mas poderia ver se na ementa preparada algum dos pratos leva orégãos? É que sou alérgica. Obrigada”.
O empregado de mesa olha para mim com um ar muito espantado e diz que vai chamar o chefe de sala. Eu estranho… mas ok. Ele chega e eu repito o discurso. O mesmo ar espantado. E eu começo a pensar que devo ter alguma coisa errada. Será que usei a maquilhagem errada? Que tenho algo estranho na cara? Não. O que acontece, como explica o chefe de sala, é que a gastronomia do restaurante leva orégãos. Em tudo!!!. E ao ouvir isto sou eu que fico com uma cara espantada – o termo mais correto é “cara de parva”.
Mas não era por isso que iria ficar com fome. Pediram que aguardasse que iriam fazer algo para mim – depois de eu dizer para evitar a contaminação cruzada. E assim aconteceu. O prato que me serviram era muito mais simples que o dos meus colegas, mas nem por isso menos apetitoso – acho, porque nunca provei o outro.
No fim o chef fez questão de vir à minha mesa, conhecer a primeira pessoa que ele sabia ser “alérgica aos orégãos”.
A sorte é que pelo menos isto aconteceu logo na primeira das cinco refeições. Nas restantes tinham logo um prato só para mim.
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