Turismo Rural: 5 locais a regressar

Estamos em Maio de 2020 e vivemos numa incógnita. A pandemia e o COVID-19 transtornou por completo a vida de todos. E, se nos próximos tempos é natural que haja algum receio de fazer grandes viagens o mesmo não acontece quando somos nós a controlar o transporte. Diga-se, é a altura ideal para viajar cá dentro e conhecer as maravilhas que existem em Portugal.
Na minha lista estão cinco alojamentos de turismo rural que já visitei e aos quais tenciono voltar. Seja pela localização, pelo charme do alojamento, pela simpatia de quem me atende… as razões são inúmeras e todas elas válidas.

Moinho de Maneio

Conheci o Moinho de Maneio em 2014, por ocasião da minha primeira colaboração com o Boa Cama Boa Mesa. Confesso que de início não foi fácil dar com o alojamento. Principalmente porque na altura ainda não havia a cobertura de internet que há hoje e porque o meu belo smartphone estava a arranjar e eu andava com um modelo muito básico. Ou seja, tinha de recorrer aos métodos tradicionais: perguntar a quem encontrava e usar o belo do mapa em papel. Mas tudo se resolveu e consegui achar o Moinho de Maneio.
Na altura um alojamento ainda recente, com três casinhas recuperadas e construídas maioritariamente em xisto. E qualquer desconforto que poderia ter desapareceu ao chegar. Garanto-vos. Valeu bem a pena o esforço. Não só porque as casas são encantadoras, num estilo rústico/moderno. Mas também pelo serviço de “apoio ao cliente” prestado pelos proprietários, a engenheira Anabela Martins e o jornalista Rui Marcelo. Acordar no silêncio, a ouvir o chilrear dos passarinhos, e ter à minha disposição um pequeno-almoço daqueles em que não apetece sair da mesa… acho que conseguem imaginar.
Mas talvez o maior aliciante do Moinho de Maneio seja a “bolha”. Uma tenda transparente (em formato bolha) que é colocada, no Verão, junto ao ribeiro privativo e onde podemos dormir a ver as estrelas. Eu ainda não tive oportunidade de experimentar esta maravilha em primeira mão. Mas está na minha lista de coisas a fazer.

Moinhos do Pisão

Conheci o Fernando Carrilha e os Moinhos do Pisão através da Teresa Leal, do Teresa vai de Férias. Uma pequena aldeia, perto de Nelas, distrito de Viseu, que acabou por ser revitalizada e ganhar nova vida com este “empreendimento”. Um conjunto de casas recuperadas, pensadas para famílias. Quer isto dizer que além dos tradicionais quartos têm cozinha e sala. Melhor ainda. É um dos locais onde posso levar a minha Luna (para quem não sabe é a minha pinscher de 2,7 quilos).
Este é um bom local para descansar, recuperar as energias e aproveitar as várias praias fluviais à volta. Ou, quem sabe, para poder visitar (ou revisitar) aldeias históricas como o Piódão.
Mas mais do que um simples retiro, em que cada um trata da sua própria vida, o espaço comum, com um belo jardim e barbecue comunitário, apela à convivência entre os hóspedes. Foi assim quando eu estive lá. O que era para ser uma simples refeição, meio improvisada, transformou-se numa espécie de banquete, em que todos contribuíram, e numa amena cavaqueira, que só terminou porque, infelizmente, no dia seguinte era tempo de voltar à normalidade (diga-se, voltar ao trabalho).
Desde a minha visita os Moinhos do Pisão sofreram alterações. Os dois projectos pensados por Fernando avançaram e hoje os hóspedes podem beneficiar de um espaço onde se servem refeições, assim como uma bela piscina.

Casas do Juízo

Perder, ou ganhar, o juízo nas Casas do Juízo. Este é o trocadilho mais ouvido quando se visita a Aldeia do Juízo, em Pinhel, no distrito da Guarda. O alojamento como que aparece um condomínio fechado. Um conjunto de casas, de várias tipologias, com um pátio em comum. Com sossego para “dar e vender”. Quer isto dizer que é o local ideal para quem aprecia o silêncio, a comunhão com a natureza, o convívio com a gente da terra… e aprender com quem sabe. Sim, porque ninguém melhor do que as pessoas da aldeia para contarem as lendas da região, os melhores caminhos, explicar como era a vida de antigamente, o fazer do pão no forno a lenha (comunitário)…
Mas mais do que isso. Há também a possibilidade de ver uma profissão cada vez mais em desuso, o pastor (neste caso uma pastora), que ainda, todos os dias, “visita” a aldeia.
Há ainda um outro pormenor muito interessante. A Aldeia do Juízo tem uma localização super privilegiada. Fica no centro de uma série de pontos de interesse: o castelo de Marialva, as Termas de Longroiva, o Castelo de Pinhel, só para mencionar alguns. Sem esquecer um outro ponto, esse dentro da própria aldeia. Falo da Taberna do Juiz, localizada na antiga casa do juiz, e que apoia as Casas do Juízo. Um espaço a cargo de dois jovens, a Daniela Aguiar e o André Frade, que todos os dias, usando produtos frescos, confeccionam as iguarias da região para hospedes e quem visita a Aldeia (sob reserva, claro).
Se vale a pena a viagem? Claro que sim. Pela envolvência, pela simpatia (quer dos proprietários/funcionários quer dos próprios habitantes da aldeia), pela comida e pelos inúmeros pontos visitáveis.

Casa da Eira

Curiosamente, antes de ser desafiada a conhecer a Casa da Eira, em Milfontes, nunca tinha ido aquela vila alentejana no Verão. Aconteceu, em todas as visitas, ser Inverno. Por isso a curiosidade era grande. E não foi, de todo, defraudada. Mas comecemos pelo início. Visitei a Casa da Eira em pleno Agosto. Altura do ano em que, por norma, gosto de ficar quietinha no meu canto (não sou grande fã de multidões). No entanto todos os meus receios saíram (felizmente) gorados. O alojamento fica suficientemente perto do centro da vila para se poder percorrer a pé, e suficientemente longe para termos sossego. Aquilo a que se chama “o melhor de dois mundos”.
Há dois tipos de alojamentos à escolha: apartamentos e quartos. Mas o que se destaca na Casa da Eira (para além da localização e da decoração) é a simpatia da Fátima e do Romeu. Incansáveis em ajudar os hóspedes.
Para quem não conhece Vila Nova de Milfontes vale a pena uma visita. Fica na Costa Vicentina, à “porta” da vila tem acesso a uma praia de rio e uma praia de mar (dá para ir a pé, por exemplo) e perto, a poucos minutos de carro, tem mais umas quantas praias, com mais ou menos ondas.
Por isso, se gosta de praia, de sossego, de chegar, deixar o carro e não voltar a pensar nele, este é um bom local para ir de férias.

Serenada

Imagine acordar no “meio” de uma vinha (ou pelo menos com vista para). Localizada num agroturismo a Serenada tem a particularidade de ter todos os seus seis quartos terem nomes de castas de vinho. Este é um alojamento pensado na interacção das pessoas e no apreciar da natureza. Um exemplo? Os quartos não têm televisão – só a pedido do hóspede. Mas há inúmeros jogos de salão e livros para entreter as pessoas. Sem contar, é claro, com os pontos turísticos, como o Badoca Park e as praias (praticamente) desertas a poucos minutos de distância.
Embora as refeições não estejam contempladas estas podem ser feitas a pedido. E garanto-vos que vale a pena. Mesmo porque a Serenada orgulha-se de utilizar os seus próprios vinhos (é simultaneamente um produtor) na confecção da comida. Uma dica. Não deixem de provar, ao pequeno-almoço (que sim, está contemplado na estadia) as geleias de vinho tinto e de vinho branco.
Imperdível é também o pôr-do-sol à beira da piscina. A vista do sol a “cair” na vinha, ao mesmo tempo que se bebe um copo de vinho junto à piscina infinita, é algo memorável.

Partilhar

Alexandra Costa

Jornalista desde 1996 sou portuguesa de nacionalidade, alfacinha de nascimento, alentejana de coração e uma viajante do mundo. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa. Basicamente sou apreciadora dos prazeres da vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.