Taverna Tapas com Alma viaja nas influências gastronómicas portuguesas no Japão

A influência da Gastronomia Portuguesa foi espalhada no Mundo aquando da expansão marítima e territorial. Portugal criou na época as rotas da gastronomia multicultural. É por isso normal que em muitos dos recantos no mundo se consiga perceber a influência da gastronomia nacional. Um dos países onde essa presença é muito forte é o Japão, país para onde os missionários deixaram grandes marcas. Mas não são muitas as pessoas que conhecem este aspecto cultural. Foi a pensar nisso que Alexandra Rodrigues, proprietária da ‘Taverna Tapas com Alma’ resolveu desenvolver pela primeira vez um evento dedicado às influências gastronómicas de Portugal no mundo. “O objectivo deste evento é dar a conhecer alguns dos pratos que sofreram essa influência nomeadamente no Japão, através das propostas confeccionadas pelo Chef Carlos Alberto Guerra”, disse, curiosamente, cliente assíduo daquele espaço, localizado em Cacilhas.

Neste evento, reservado apenas a convidados, foi notório as adaptações originais dos japoneses do nosso peixe de escabeche, dos peixinhos da horta e do tradicional pão-de-ló. E é de notar que foi apenas em 1542, por exemplo, que se introduziu pela primeira vez  no Japão, o açúcar refinado.

Carlos Guerra, é já um reconhecido ‘sushiman’, tendo formação em comida japonesa com dois conceituados chefes. Já foi proprietário de um restaurante e agora, alia a sua profissão de contabilista, a trabalhos como chef, em eventos privados.

Na ‘Taverna Tapas com Alma’ apresentou o ‘Nanbanzuke’, peixe marinado, vulgo escabeche português, onde o rei é o Caldo japonês Dashi e o vinagre de arroz. Neste caso, o prato servido – que estava maravilhoso – foi bacalhau fresco que esteve a marinar oito horas, com courgette, cenoura e alho francês. Mas antes, de entrada, deliciou-nos com a ‘Tempura’, alimentos fritos e envoltos em polme, – introduzida no Japão em meados do século XVI, e que é inspirada no prato português peixinhos da horta. Na vez do feijão verde, está a courgette, e que bem que fica, acompanhada por têmpera de camarão frito. E tudo regado com um bom Quinta dos Azevedos.  

  

Entretanto, ainda foi possível provar o sushi de salmão e dourada, com um toque especial do chef: Folha de arroz, e acompanhando por um saquê doce.

Para terminar a degustação, fomos brindados com o tradicional ‘pão-de-ló’ que derivou em Nagasaki no bolo Castela, “Kasutera”, que, tem como segredo, a introdução de chá verde. Para acompanhar, uma bola de gelado de nata com gengibre, que dá um toque especial a esta sobremesa. Para repetir.

  

Esta foi a primeira vez que se desenvolveu este conceito, mas Alexandra Rodrigues não descarta a hipótese de repetir e desta forma viajar para novas influências gastronómicas noutros países. Na calha está também, obviamente, dar a conhecer e projectar o espaço que possui e gere desde 3 de Julho de 2016. E a história por trás da ‘Taberna Tapas com Alma’ é digna de registo.

Alexandra e o marido, Mário, nunca trabalharam na área da restauração, mas sempre gostaram de comer e de cozinhar. Aliás, esta é uma paixão de família, uma vez que a mãe de Alexandra também está envolvida no projecto e dá um ar da sua graça na cozinha.

Sempre trabalharam nas suas áreas e foram mesmo viver e trabalhar para Angola durante três anos na área do marketing. No regresso a Portugal, a reentrada no mercado de trabalho estava difícil, o que levou os dois a arriscar e a tornarem-se empresários.

Depois de procurarem um espaço, viram em Cacilhas, na Rua Comandante António feio, o local ideal. Um espaço abandonado e já muito degradada, onde outrora tinha sido um bar/discoteca. Investiram aproveitando algumas economias e estão agora empenhados em fazer do ‘Tapas com Alma’ um lugar de referência. E tem tudo para ser. Aos poucos o negócio está a cimentar-se, e muito por culpa da comida de qualidade e do ambiente acolhedor. Alexandra Rodrigues diz que uma das suas grandes preocupações é ter os melhores fornecedores, porque a ideia “não é apenas ter, é fazer a diferença”, por isso é que, explica, a morcela de arroz de Santarém que agora tem no restaurante, demorou três meses a ser escolhida.

Além da morcela, a ementa do ‘Tapas com alma’, tem produtos tipicamente portugueses nas suas tapas: Farinheira da Sertã, queijo de ovelha ou de cabra assado, entre outras iguarias. O restaurante tem disponíveis tapas quentes e frias, e todas pensadas para partilhar.

Este restaurante tem tudo para ter sucesso. Sempre com música ambiente, o ambiente é muito acolhedor e familiar, predominantemente de madeira, serve também para expor obras de arte de artistas amigos do casal, que vão sendo alteradas, consoante se vão vendendo.

Para complementar, há uma pequena loja gourmet, com produtos seleccionados, de produtores nacionais. Dois deles, verdadeiras revoluções: Compota de malagueta e azeite de mel.

Não provei a comida que se serve habitualmente no ‘Tapas com Alma’, uma vez que fui a um evento privado onde a gastronomia japonesa era rainha, mas vou certamente voltar para apreciar, acreditando no que me garantiu o Chef Carlos Guerra, “é tudo delicioso”. E porque os proprietários são pessoas lutadoras, empreendedoras e muito simpáticas.

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Raquel Carvalho

Lutadora e apaixonada pela vida. É assim que me caracterizo. Para mim a família é o meu pilar e ser mãe foi um sonho tornado realidade. Os meus dois príncipes são a minha razão de viver e o meu orgulho. Adoro a minha profissão, pois escrever e fazer perguntas sempre esteve no meu ADN. Escolhi ser jornalista com seis anos de idade e consegui.

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