Sabores frescos no Pão à Mesa

A carta de Verão do Pão à Mesa, elaborada pelo chef António Amorim aposta em sabores frescos. Algo bem notório logo nas entradas, nomeadamente no bacalhau (cru) temperado. Um prato que denota um equilíbrio de sabores, com a cebola a saber a cebola e onde os rebentos de coentros auferem uma surpresa interessante. Um prato que pede um vinho leve e fresco. Como um vinho verde, por exemplo.

Este é um restaurante que nos tem habituado à desconstrução de pratos tradicionais e que tenta ir buscar à terra os produtos da época. em termos de localização esta é simultaneamente privilegiada e um pesadelo. Privilegiada porque fica num dos centros de atenção de Lisboa, no Príncipe Real e muito perto do Chiado. Pesadelo porque caso se queira ir de veículo próprio… prepare-se para dar voltas e voltas e, provavelmente, não conseguir estacionar. Por isso vá com calma, apanha um táxi ou vá de transportes públicos.

Mas voltemos à comida e à bebida. Sim, porque o Pão à Mesa tem uma carta de vinhos muito interessante. Não só pela diversificação em termos de regiões, mas principalmente por apostar em produtores/marcas não tradicionais. O que faz com que, volta e meia, surjam algumas (boas) surpresas. Algo que já vem de longe e que claramente o restaurante deverá continuar a investir.

Quanto à ementa propriamente dita, há pratos interessantes. como os filetes de polvo com molho tártaro e migas. Aqui uma pequena nota antes de fazer a minha avaliação. Sou uma pessoa que gosta da comida bem temperada (o que não significa salgada). O que vai um pouco contra a nova tendência de ter tudo (ou quase tudo insosso). E isto porque na cabeça da maioria das pessoas um prato bem temperado é um prato salgado. Nada mais errado. O sal é apenas um dos temperos disponíveis. Há muitos outros. Basta ter um pouco de criatividade, conhecer a matéria prima e estar à vontade para experimentar, errar e voltar a tentar.

Mas voltemos ao polvo. Este propriamente dito estava bom. Bem cozinhado, devidamente estaladiço. Nada a apontar. Já em relação à minhas (e tendo eu uma costela alentejana) senti falta de um pouco mais de alho… e de sal. Embora perceba que são dois ingredientes que não são consensuais.

Na carne a escolha do chef recaiu sobre um novilho braseado com legumes assados com pão de milho feito com couve portuguesa. Uma combinação interessante de sabores. Entre o mais doce e o ácido, provocando surpresa a cada garfada.  Gostei especialmente do facto de não haver medo de usar legumes menos tradicionais.

No fim, e para terminar em grande, um leite creme desconstruído com farófias e suspiro. Sobre a sobremesa só posso dizer isto: se conseguir (diga-se, tiver espaço no estômago) peça para repetir.

 

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Alexandra Costa

Jornalista desde 1996 sou portuguesa de nacionalidade, alfacinha de nascimento, alentejana de coração e uma viajante do mundo. Adoro viajar, conhecer novas culturas, experimentar gastronomias. Sou viciada em livros e nunca digo que não a uma boa conversa. Basicamente sou apreciadora dos prazeres da vida.

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