O flagelo dos incêndios

Mais do mesmo. Todos os anos o país é assolado pelo flagelo dos incêndios. Populações sofrem ao ver os seus pertences desaparecer. Emigrantes que vêm de férias a Portugal choram por ver o que construíram com o fruto do seu trabalho de anos fora do país, a ser destruído. Bombeiros fazem mais do que podem. Combatem com todas as suas forças. Com poucos meios fazem milagres. As ajudas são sempre bem-vindas, mas infelizmente, valem de pouco na maioria dos casos.

Fico arrepiada ao ver paisagens naturais únicas a serem destruídas. São hectares destruídos por chamas descontroladas, que não têm dó nem piedade. E, quando oiço que mais de um terço são de mão criminosa, fico arrepiada. Como é possível alguém gostar de fazer isto? É preciso ser-se muito louco para se deslocar de madrugada e atear um fogo, sabendo que há vidas que correm perigo, que há vidas que serão destruídas. Será que deixar de se falar tanto do assunto, fará com que os criminosos parem? Talvez o que lhes dê alento é serem falados, é terem dois minutos de fama, nem que seja, não por aparecerem, mas por se fazerem notar, por se sentirem importantes. Claro que um incêndio é notícia e tem que estar no alinhamento de um jornal, mas, talvez fosse importante também, fazer com que estes loucos percebessem que não são o centro do mundo, que não são importantes e que só se fará notícia do que é realmente importante.

Sei que estamos numa época onde, se não fossem os incêndios e os jogos olímpicos, não havia muito para falar, mas é importante que os jornalistas tenham alguma noção das reportagens que fazem e do impacto que as mesmas podem ter. Ir ao local, falar com as forças de segurança e com quem possa dar informação relevante sobre o sucedido é uma coisa, agora ir para o terreno, falar com quem está desesperado, a chorar e mostrar o drama, não sei se é o mais correto. As motivações de quem faz isto têm que ser bem estudadas e, na minha singela opinião, muitas estão relacionadas com os holofotes da fama e isso tem que ser contrariado. Portanto, acredito que além de uma maior e melhor prevenção, de um trabalho maior de vigia das nossas florestas, de mais condições, de mais meios de combate e de uma limpeza eficaz ao longo do ano, é preciso punir severamente quem anualmente destrói o nosso país. É preciso fazer-se um estudo aprofundado de quem tem doença mental e, muito provavelmente, um fascínio pelo fogo, para que estes crimes acabem de vez, ou pelo menos, que sejam minimizados. Quanto aos incêndios que começam por negligência, o trabalho é igualmente árduo, mas o problema pode ser travado com boa cooperação. Ouvi ontem que só 3% a 4% das florestas são propriedade do Estado. A maioria pertence a privados. Caramba, então aí, há que ter uma maior consciência que a prevenção é importante e que requer um investimento grande a todos os níveis. É o nosso país que está em causa. São vidas que estão em risco e mortes que podem ser evitadas. É nosso património que temos que salvaguardar.

 

Raquel Carvalho

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Raquel Carvalho

Lutadora e apaixonada pela vida. É assim que me caracterizo. Para mim a família é o meu pilar e ser mãe foi um sonho tornado realidade. Os meus dois príncipes são a minha razão de viver e o meu orgulho. Adoro a minha profissão, pois escrever e fazer perguntas sempre esteve no meu ADN. Escolhi ser jornalista com seis anos de idade e consegui.

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